terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Um pouco da história dos samaritanos

Samaritanos, uma análise histórica. 

Samaritanos são um grupo de Israelitas monoteístas que historicamente adoram ao Eterno no monte Gerizim. 

Eles estão relacionados, mas não idêntica com os habitantes da antiga Samaria.

Samaritanismo e judaísmo tem suas semelhanças, mas também várias diferenças.

Samaritanos reconhecem que o local de adoração e sacrifícios ao Eterno não é o Monte Sião em Jerusalém, mas sim o Monte Gerizim perto da moderna cidade de Nablus (a antiga Shichem), pois eles possuem uma linha de sacerdotes, única e legítima, ao contrário da linha de sacerdotes em Jerusalém, afinal sabe-se historicamente que o sacerdócio do Templo de Jerusalém foi montado por ordem de David a Zadoque... tornando-o sacerdote...

Josefo afirma que Zadoque foi o primeiro sumo sacerdote no templo de Salomão. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], X, 152 [viii, 6]). 

Mas quem foi Zadoque? 

Zadoque significa “ser justo”... 

Foi estranhamente ordenado Sacerdote pelo rei David, embora em toda a Torá nada se fale que um rei possa ordenar alguém para ser Sumo Sacerdote! 

Essa ordenação foi feita com fins políticos, uma armação para que ele David pudesse controlar não apenas politicamente, mas também religiosamente a Israel. 

Assim se estabelece um sacerdócio que faria vistas grossas a qualquer decisão futura do governo de Israel sem condena-lo. 

Zadoque era descendente de Arão através da linhagem sumo sacerdotal de Eleazar. (1Cr 6:3-8, 50-53), mas não era sacerdote, nunca exercera isso... até então. 

Na literatura judaica, Zadoque é também chamado de Vidente. (2Sa 15:27). 
 
Zadoque, jovem valente, foi um dos chefes tribais que passaram a dar seu apoio ao reinado de David. (1Cr 12:27, 28). 

Daquele tempo em diante, ele foi leal a David. — 2Sa 8:15, 17; 20:25; 1Cr 18:16.

Zadoque não participou da conspiração de Adonias e ele e o Natã foram escolhidos pelo rei David para ungir Shlomo como seu sucessor.

Abiatar, filho de Aimeleque, foi exilado por Shlomo por ter favorecido, depois da morte de David as pretensões de Adonias ao trono de Israel.  

Zadoque e Abiatar tiveram parte em providenciar uma recepção favorável a David em Jerusalém. (2Sa 19:11-14) 

Como prêmio a sua fidelidade cega, ganhou o direito ao Sacerdócio segundo as ordens de David. 

Bem mais adiante no reinado de David, quando ele organizou os serviços levíticos para o templo, tanto Zadoque como Aimeleque, filho de Abiatar, o ajudaram. — 1Cr 24:3, 6,30, 31.

Em contraste com Abiatar, Zadoque não apoiou a tentativa de usurpação do trono por Adonias; por isso, David designou Zadoque como aquele que devia ungir Salomão como rei. (1Rs 1:7, 8, 26, 32-46)

Afinal ele pode contar com a obediência do Sacerdote criado por ele para colocar seu filho escolhido em seu lugar no trono. 
 
Durante os reinados de Shaul e de David, Zadoque serviu apenas como sacerdote associado, mas, por causa da sua lealdade, em contraste com a fidelidade vacilante do sumo sacerdote Abiatar, Shlomo expulsou Abiatar de Jerusalém e constituiu Zadoque sumo sacerdote. 

Israelitas Samaritanos só aceitam a Lei de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio) como autoritário e com um texto ligeiramente diferente da Torá judaica nesses livros.
 
Os Profetas e Escritos não são reconhecidos como textos divinamente inspirados.

A relação entre samaritanismo e o judaísmo costumava ser tensa, como foi registrado na história bem conhecida de Jesus sobre o bom samaritano, o que pressupõe que era incomum para os samaritanos e judeus ajudar uns aos outros.

Fica na literatura cristã o único testemunho textual da generosidade samaritana que salvou o homem ferido desviando-se de seu caminho para leva-lo a um local onde pudesse ser tratado dignamente, pagando inclusive seu tratamento, diante da frieza do fariseu que não parou para ajudar o homem ferido. 

Para entender essas tensões, precisamos voltar para o primeiro trimestre do primeiro milênio antes da era comum, antes das duas religiões terem se desenvolvido e as suas ideias características e seus costumes.

Até então, o culto só Eterno foi provavelmente generalizado nos reinos de Israel e Judá, e o templo de Jerusalém não era o único lugar para o serviço religioso. 

Na grande cidade cosmopolita de Samaria, que foi a capital de Israel, onde muitos fiéis veneravam ao Eterno sem ter qualquer necessidade de ir para a cidade camponesa que era Jerusalém, terra dos jebuseus. 

O Eterno não havia ainda se tornado a única divindade dos tempos posteriores, e muitos judeus aceitaram a adorar a outros deuses, juntamente com a adoração ao Eterno.

A ascensão de Judá e a ascensão do monoteísmo ocorreu no século VII, depois da queda de Samaria e a deportação de "tribos perdidas de Israel" para a Assíria (724). 

Fato esse que não levou para fora as famílias da casta Sacerdotal entre os Israelitas Samaritanos, nem afastou a todas famílias das tribos de Efraim e Menashe que permaneceram historicamente em Samaria. 

Perto do final do século VII, rei Josias tentou reformar o culto em Jerusalém, um ato que está associado com a composição do núcleo do livro bíblico de Deuteronômio, que continha as regras do programa de reforma. 

A partir de agora, as histórias e as leis dos cinco primeiros livros da Bíblia (Torá ou Pentateuco) estiveram no centro do monoteísmo judaico.

A queda de Jerusalém em 587 e a deportação de elite de Judá para a Babilônia não mudou isso. 

Pelo contrário. 

Longe de Jerusalém, a Torá tornou-se ainda mais importante.

Em 539, a Babilônia foi conquistada por Ciro, o Grande, assim, os judeus foram autorizados a voltar para casa. 

No entanto, já havia uma casa construída para o rei David, e visando legitimizar o Sacerdócio que criara, David dá aos sacerdotes de Jerusalém mais destaque, projetando e prometendo a eles um templo em Jerusalém, algo que ocorreria pelas mãos de seu filho como sendo ahora o único e verdadeiro santuário do Eterno. 

Para promover a sua reclamação, o texto das escrituras foi revisto, tendo em conta as idéias que se originaram na Babilônia. 

Estudiosos afirmam que o Ezra, que é chamado de "escriba da lei do Deus do céu", foi o responsável por esta reedição.

Existem duas variantes da Torah: a versão judaica bem conhecida, e uma segunda versão, samaritana. 

Os textos são essencialmente os mesmos (embora haja diferenças), e isso só pode significar que ambas as variantes voltam para o mesmo original. 

Os samaritanos se acreditam que, na era dos juízes, o santuário com a Arca da Aliança estava no monte Garizim, e que o mal sacerdote Eli o removeu para Shiloh.

Os samaritanos reconhecem que o cisma remonta a esta periodo.

A Bíblia judaica, sugere-se que a comunidade samaritana teve origem no reino do norte de Israel. 

Quando as dez tribos do norte separado de Judá, e que eles começaram a aceitar crenças estrangeiras. 

Acreditam que os samaritanos são descendentes dos povos que se instalaram em Samaria depois que Israel tinha sido conquistado pelos assírios e os habitantes originais da Samaria haviam sido deportados e substituídos por outros povos... esta é uma explicação descabida e sem fundamento histórico, sem base consensual sobre o assunto sob o ponto de vista histórico ou social para o período. 

Também se torna injustificável a ideia de que um povo inteiro tenha sido supostamente "trocado" por outro "povo" é que justamente esse povo trocado fosse tão claramente monoteísta e fiel as práticas da Torá por tantas gerações, chegando até mesmo aos nossos dias. 

Israelitas Samaritanos se preservaram exemplarmente fiéis a visão monoteísta da Torá, mantendo geração após geração um sacerdócio conforme determina a Torá! 

Isso não poderia ser forjado por um outro povo, nem aprendido em poucos gerações. 

Também os exames de DNA executados pelo governo de Israel junto aos Israelitas Samaritanos modernos apenas comprovaram ser eles em sua totalidade, pessoas que compartilham das mesmas características do DNA encontrados entre Cohanin que não se misturaram com outros povos. 

A explicação judaica que renega os Israelitas Samaritanos tem na verdade um fundo histórico de disputas políticas fundamentadas no reino de David que tentava politicamente a unificação das 12 tribos em uma grande nação. 

Algo que ele em pouco tempo viu que só teria sucesso se fizesse como os demais povos pagãos daquele período, com a construção de um templo suntuoso, algo que ele projetou e seu filho Shlomo executou a construção. 

Essas teorias têm em comum que eles mantêm que originalmente, havia apenas um povo com uma religião pura e sem contaminação, e que depois, houve um cisma entre samaritanismo e judaísmo.

Provavelmente, esta é a perspectiva errada.
 
Originalmente, o culto do Eterno foi generalizado, e ao longo dos séculos, a religião que era apenas uma, agora apresenta-se dividida em duas religiões em detrimento ao desenvolvimento de dois grupos, um originário do Sul, chamado de Reino de Judá e o outro originário do Norte, do Reino de Israel.
 
Samaritanos reconhecem que a Torá foi escrita em outro idioma, o ktav assurim na babilonia e em Jerusalém, ainda outros judeus fizeram mais algumas alterações.

A tribo de Judá enquanto viveu na Babilônia pelo curto período de 45 anos (há historiadores que defendem 80 anos de exilio), assimilou sua cultura e costumes a ponto de assimilar também seu idioma e escrita a ponto de fazer uma nova Torá nesse idioma usando os caracteres assírios ou seja, o ktav assurim. 

Eles abandonaram o idioma original usado até então... que era o paleo-hebraico que era escrito com as letras e caracteres do ktav ivrit... idioma este mantido até hoje entre os Israelitas Samaritanos. 

O curto periodo na babilônia não parece justificar tamanha assimilação. 

Talvez o ocorrido tenha sido que na verdade a tribo de Judá já se espelhava em muitas coisas na cultura de outros povos, maior prova disso é o estilo da construção do Templo judeu que se igualava ao estilo utilizado entre os povos pagãos daquele período. 

A assimilação judaica a babilônia começou portanto muito antes fo exilio babilonico onde foram levados cativos a babilônia e no periodo que ali ficaram não cumpriram as festas determinadas na Torá! 

Ao que se parece, ao ler a literatura judaica dos livros de Neemias e Esdras, o povo judeu não sabia mais executar as festas e interpretar a Torá! 

Talvez por isso mesmo, os Judeus que escreveram o Talmud elevem a figura de Esdras (Ezrah) como se fosse ele um "segundo Moisés" pelo fato dele ter escrito e explicado e aplicado a Torá tão esquecida novamente aos judeus oriundos do Reino de Judá do Sul de Israel... 

Enquanto isso, nesse mesmo tempo, os que viviam no Reino do Norte preservaram a prática da Torá sem apresentar grandes diferenças em seu estilo de vida ou em modificar as práticas recebidas desde o tempo de Moshe. 

No ano 330 houve discórdia entre os sacerdotes de Jerusalém, e vários membros desta ordem abandonou a cidade. 

Houve uma teoria de que eles se estabeleceram em Samaria, e em 332, eles foram capazes de obter permissão do Alexandre o Grande da Macedônia, para construir um templo perto Shichem no monte Gerizim, a poucos quilómetros a leste de Samaria. 

A arqueologia entretanto não confirmou esta história, pois nunca se achou um templo samaritano ali... 

O que enttetanto se achou na região foram restos de uma igreja ou mosteiro católico construído muito tempo depois da destruição do segundo templo... 

Mas... em si, a questão sobre a fundação de um templo não era de fato algo problemático. 

Havia santuários (templos) judeus no Egito e vários estudiosos assumem que até mesmo houve um santuário(templo) na Babilônia também. 

Mas o templo de Siquém estava perto de Jerusalém, e desafiou a posição do último como o primeiro e único santuário do Eterno. 

De agora em diante, os dois grupos iriam crescer separados, e as diferenças iriam apenas aumentar. 

Deve-se ressaltar que nem todos os moradores de Samaria eram samaritanos, e nem todos que veneravam ao Criador viviam em Samaria.

Os dois grupos se afastaram quando eles responderam de forma diferente para a cultura grega onipresente. 

Em 168, o Seleucida rei Antíoco IV Epiphanes ordenou aos judeus que dedicassem seu templo a Zeus, o deus supremo Olímpico. 

No sul de Israel, Judas, o Macabeus organizou uma revolta e purificou o templo de Jerusalém. 

No norte, o povo de Samaria, tratou o problema de forma politica, não tinham poder belico para guerrear e resistir a Antíoco...  

Seus concidadãos monoteístas não estavam em condições de mostrar o mesmo zelo por sua fé por meio da guerra como aconteceu com Judas e sua seguidores, portanto apenas ignoraram as investidas contra a religião. 

O que tinha sido uma divisão religiosa, agora tornou-se um conflito político. 

O estado do sul, libertada do domínio selêucida, tornou-se um estado independente outra vez, governado por sacerdotes da dinastia hasmoneu. 

Um deles foi João Hircano (134-104), que expandiu enormemente o Estado judeu e capturou Samaria, em 128 ou 107. O templo no monte Garizim foi imediatamente destruído. 

Novamente, isso é arqueologicamente mais ou menos confirmado, pois a ocupação de Shichem vizinha chegou ao fim no último trimestre do segundo século.

Há alguma evidência lingüística que a Torah foi reescrito por volta dessa época.

Pode ter sido uma resposta à destruição do Templo Samaritano.

Agora, havia dois grupos de monoteístas hostis um ao outro: 

Os judeus, que foram focados no templo de Jerusalém... 

E os Samaritanos, focados no Monte Gerizim. 

A maioria dos judeus viviam em Judá, mas havia também judeus que viviam fora do país na diaspora; e havia uma minoria não judaica que vivia em Judá. 

O mesmo se aplicava aos samaritanos. 

Embora muitos morassem perto de Samaria, houve não-samaritanos que também viveram na Samaria, e havia samaritanos diaspóricos por exemplo, na ilha grega de Delos, na Cecília, no Norte da Europa e em outras regiões.

Quando os romanos anexaram o país, o que eles chamaram de Judéia, eles começaram a usar a divisão religiosa para os seus próprios fins. 

Por exemplo, houve duas unidades militares, recrutados na cidade de Samaria e provavelmente lotada com samaritanos, que foram utilizados para ocupar cidades judaicas como Jerusalém. 

Os judeus detestavam claramente a outros monoteístas, a quem muitas vezes chamavam de "Cuthim", um apelido usado maldosamente para com os samaritanos tentando assim taxa-los de estrangeiros.

O mesmo fizeram recentemente com Israelitas oriunfos da África, os "Lemba" a quem chamam de Cuthim tal qual fizeram com os Guardiões Israelitas da Torá... embora os Israelitas Samaritanos não fossem negros, enquanto os "Lemba" sim... 

Ao mesmo tempo, os membros da comunidade samaritana sonhavam em restaurar o Santuário. 

Em 36 EC, um homem, geralmente chamado de "Profeta Samaritano", com muitos seguidores armados ocuparam o monte Gerizim. 

O governador da Judéia, Pôncio Pilatos, dispersou a multidão, mas o uso da violência do imperador Tiberius considerou Pilatos excessivamente violento, lembrando ele. 

Durante a Primeira Guerra de 66-74, a quinta legião Macedonica invadiu o monte Gerizim, provavelmente, pondo fim a mais uma tentativa de reconstruir ali um templo.

A comunidade Samaritana pode para estudantes desatentos da história ter desaparecido, mas na verdade isso nunca aconteceu... 

Ao contrario, eles se organizaram... um professor Samaritano chamado Baba Rabá reorganizou os fiéis e suas ideias. 

Os samaritanos floresceram na Antiguidade, com sinagogas em vários lugares do mundo.  

Eles não aboliram o Sumo Sacerdócio ao contrario do que os judeus fizeram... 

Até hoje judeus não tem qualquer explicação para trrem abolido o sacerdócio... talvez pelo fato de David ter inventado um sacerdócio com objetivos puramente políticos com o Sacerdócio Zadoque. 

Fora de Israel, a comunidade floresceu, bem como, com sinagogas em Tessalônica e Sicília.

No entanto, no século VI, houve uma revolta samaritana contra o imperador Justiniano. 

Ele suprimiu a insurreição com uma ferocidade que foi comentada por seu contemporâneo Procopius.

A segunda revolta, reprimida com tanta violência, teve lugar em 578/579. 

Fonte: João de Éfeso, Eclesiástica History3.27.

E com o surgimento do Islã, pode ter sido o início do declínio do número de samaritanos.

Na segunda metade do século XX, no entanto, a comunidade samaritana inesperadamente mais do que duplicou o seu tamanho. 

Uma contagem de 1948, estranhamente aponta para 250 samaritanos (192 em Nablus e 58 em Tell Aviv, acredita-se que muitos não participaram desta contagem por motivos político e religiosos). 

Em 2003, a comunidade consistiu de 656 pessoas, das quais 346 estavam vivendo em Holon, e 310, perto do monte Garizim.

Hoje ultrapassam a 800. 

Sem falar dos crescentes e emergentes Israelitas Samaritanos de outros países que vivem a Torá Samaritana mesmo vivendo em outras culturas.

Viver os mandamentos da Torá é a maior privilégio a qualquer ser humano. 

Ariel Haddad Ben Abraahm
Pres. da Comunidade Oficial Israelita Samaritana Shomrey haTorah.

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